“Não mexe com quem tá quieto”: Projeto de criminalização do funk recebe duras críticas de artistas6/11/2017 Qualquer pessoa com uma ideia de lei pode ir até o site do Senado sugerir uma proposta. A ideia precisa receber 20 mil assinaturas dentro de 4 meses para ser encaminhada a Comissão de Legislação Participativa, o qual passa a analisar se dará andamento à lei. Foi assim que se encaminhou o caso do empresário paulistano Marcelo Alonso, autor da sugestão 17/2017 que planeja criminalizar o funk. Atualmente, a proposta está em análise na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal. Segundo Marcelo Alonso em sua proposta, o funk “são somente um recrutamento organizado nas redes sociais por e para atender criminosos, estupradores e pedófilos a prática de crime contra a criança e o adolescente, venda e consumo de álcool e drogas, agenciamento, orgia, exploração sexual, estupro e sexo grupal”. Ainda defende que o funk seria uma “falsa cultura” e “crime de saúde pública”. A ideia de lei encaminhada para o Senado gerou revolta e alguns artistas se pronunciaram sobre o assunto. Diretor do documentário “O Fluxo” sobre bailes funk de São Paulo, o jornalista Renato Barreiros critica a proposta e diz que “Para início de conversa: os principais bandidos do Brasil nunca frequentaram um baile funk. Basta ver as delações premiadas. O funk fala de crime porque ele está inserido naquela realidade. Ele é espelho de um problema social muito maior”. O funkeiro carioca Mr. Catra também tomou posição para defender o funk. “Eu fico sem reação com alguém simplesmente cogitar a ideia de criminalizar o funk (...). Milhões de pessoas no Brasil vivem do funk. Ele gera empregos e é um movimento cultural legítimo da favela. O problema não é o funk e sim a educação que os pais não dão para seus filhos. O funk é a cultura do trabalhador.” E a cantora carioca Anitta expressou suas duras críticas à proposta de lei em seu perfil no Twitter. Em relação ao conteúdo das letras de funk, Anitta completou “Se o conteúdo das letras ou das festas não agradam é porque cresceram vendo e vivendo aquilo que cantam". A proposta foi publicada janeiro desse ano e recebeu mais de 20.000 assinaturas até maio. Porém desde que foi encaminhada para avaliação, a ideia de lei tem gerado muitos debates nas redes sociais. Parte da população alega não entender o motivo para a criminalização do funk enquanto há problemas reais a serem analisados pelo Senado. E afirmam que a aprovação dessa proposta é uma forma de propagar o preconceito e minar com a liberdade de expressão. Até sábado (10), o site do Senado mostra que há 3.528 votos a favor e 282 contra a criminalização. Letícia Lima
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