Pressão nos jovens começa desde muito cedo. A cobrança que nos fazemos pela pressão que desde crianças, sofremos pelo nosso grupo de colegas podem desencadear problemas futuros. A vontade de fazer parte de um grupo é natural e faz com que as crianças façam o que elas acharem que for necessário para se sentirem incluídas. Ou seja, ao se expor, a criança corre o risco de sentir que não recebeu a recepção desejada de seus colegas e a sensação de exclusão permanece, e ainda agravado pelo fato de que agora se sente incapaz, sem autoconfiança. Dois exemplos recentes podem ser citados. O primeiro foi um estudo publicado pela organização britânica Girlguiding que revelou que meninas de 7 anos já se sentem pressionadas a terem aparência perfeita. O segundo caso foi o do menino que se enforcou para cumprir um desafio dos amigos depois de perder uma partida de um jogo online Pode soar estranho relacionar essas notícias. São casos isolados, situações diferentes, mas causados por um mesmo motivo: aceitação. Meninas não deveriam se preocupar com a aparência e meninos não deveriam ter que se provar dignos. É abusivo e alimenta a imagem distorcida e preconceituosa dos papéis de gênero na sociedade. Não deveriam ter que corresponder expectativas malucas de ninguém, pois são crianças e deveriam aproveitar e viver a infância naturalmente. É bem simplista analisar apenas esses apontamentos para tentar entender porque esses casos se repetem, não se pode ignorar o contexto em que cada um se encontra. Nesses exemplos, há meninas que tem sua autoestima destruída e saúde mental afetada não apenas pelo motivo da aparência; e ao que diz respeito sobre desafio do asfixiamento (choking game), que se popularizou desde os anos 70 como forma de sentir efeitos similares ao da droga (anestesia ou euforia), não possui qualquer relação com jogos online. A cofundadora da associação britânica Self Esteem Team, Nazia Mendoza afirma que: “A saúde mental e a autoestima de nossos jovens têm escalado rumo a um estado crítico há muitos anos, como refletido no fato de que especialistas estimam que os quatro problemas mentais mais comuns enfrentados pelos adolescentes — ansiedade, depressão, distúrbios alimentares e autoflagelação — aumentaram em 600% na última década no Reino Unido” A construção da autoestima deve ser um apoio constante e cumulativo, nessa idade, é fundamental que os pais tenham participação nesse processo. Devem ter cuidado com a maneira que abordam problemas do dia a dia ao se relacionarem com as crianças, como apontado por Mendoza para “estarem atentos à linguagem que usam em casa, por exemplo, se a mamãe não quer comer pão porque ‘me deixa gorda’; a criança pode e realmente absorve essas mensagens sobre a imagem do corpo”. Todas as questões sobre a aparência, inclusão, jogos e desafios são maximizados pela onda da tecnologia com efeitos ecoando pela internet e mídias sociais. Guilherme Spadini, psiquiatra e psicoterapeuta formado pela USP, diz: “Jovens são impulsivos. Essa é uma afirmação científica. Até os 25 anos a capacidade de resistir a impulsos e retardar prazer não está totalmente desenvolvida nos humanos. Jovens expostos à internet, ou a jogos eletrônicos, têm muito pouca chance de serem capazes de controlar esse uso por si mesmos. Não tem jeito, é preciso atenção e limites constantes, por parte dos adultos.” Nessa época se faz necessário que não privem as crianças, mas as ensinem a lidar com tudo o que é novo, como desenvolver as relações humanas nesse cenário tecnológico que surge. Que a educação transmita mais igualdade, tolerância e respeito. Letícia Lima
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