* Essa é a segunda parte da reportagem "O Tabu da virgindade", se você ainda não leu a primeira, clique aqui. Os conflitos de perder a virgindade Quando uma mulher diz que é virgem, já surge por trás toda uma inquietação, principalmente, masculina. Para alguns homens, ser o primeiro parceiro sexual de uma mulher é uma grande conquista. Existe uma hiper valorização da virgindade feminina, nesses casos. Mas, nem sempre, eles querem esperar o momento em que a mulher se sente bem para avançar o sinal. Por trás de toda essa hiper valorização sobre os corpos femininos, em muitos casos, acaba existindo diversos conflitos. É muito comum que haja pressão por parte dos homens, o que leva mulheres a aceitarem fazer sexo sem realmente quererem isso, muitas vezes, por medo de perderem seus parceiros ou, até mesmo, por medo de serem traídas ou julgadas. Outro conflito comum ocorre dentro de casa depois da primeira relação sexual. Para algumas meninas, a primeira vez ocorre sem problemas e contar para os pais (ou, só para mãe) não é algo que preocupa. Mas, ainda existem muitas famílias que colocam a virgindade como antigamente, ligando sexo à falta de caráter, e isso gera diversos problemas e preconceitos. Às vezes, a conversa nem chega a existir por medo de represálias. E, assim o tabu acaba se perpetuando. No caso de Renata Souza, que perdeu sua virgindade aos 15 anos, o assunto só era algo comum com a mãe que dava espaço para o diálogo e orientava sobre métodos contraceptivos. Entretanto, anos depois ao contar da sua primeira relação sexual, a pesquisadora não recebeu apoio moral por parte dos pais. A enfermeira da UBS (Unidade Básica de Saúde), Ana Clara Reis, 28 anos, conta que as meninas têm perdido a virgindade cada vez mais cedo e que, raramente, chegam acompanhadas pelas mães para fazerem os exames preventivos depois da primeira relação sexual. Elas resolveram esperarAssim como existem mulheres que têm sua primeira vez com o namorados ou parceiros casuais, também existem mulheres que escolhem esperar para ter a primeira relação sexual somente após o casamento. E essa é outra polêmica que existe por trás da questão da virgindade. Esse é o caso da auxiliar administrativa, Lilian Silva, que escolheu esperar desde os 15. Hoje, aos 31 anos, ela comenta que é comum ouvir “piadinhas” por parte da família por conta de sua escolha, mas que isso já não incomoda tanto quanto antes. Como Lilian, existem diversas outras mulheres que optam por se entregar apenas para um homem. Muitas vezes, a escolha tem motivo de cunho religioso. Na internet existem diversas campanhas, a maior dela chama-se “Eu escolhi esperar”, uma mobilização cristã que já reúne mais de dois milhões de jovens. O preconceito existe e comentários como “vai ficar para titia” e “como vai casar sem experimentar?” são extremamente comuns. O que mostra que a sociedade ainda é muito machista quando o assunto é sexo e não dá liberdade suficiente para as mulheres escolherem quando, como e se vão fazer sexo. *Nessa reportagem, foram usados nomes fictícios para preservar a privacidade dos entrevistados.
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